Acho que todo mundo sabe quem é Griselda e Tereza Cristina, respectivamente, protagonista e vilã da novela das nove. A questão é que nem a nova rica barraqueira, nem a "Rainha do Nilo" inescrupulosa, são exemplos para a sociedade.
Admira-me,
os autores definirem como segredo mortal da Tereza Cristina, o fato dela não
ser filha legítima dos Buarque Siqueira, e sim, filha da empregada da família,
que morreu louca num hospício. Claro que a socialite pode perder prestígio
daqueles que vivem essa mesma "boa vida", mas pai e mãe é quem cria,
educa e ama.
Depois
do segredo revelado, a ex-pobre bigoduda, obriga a vizinha arrogante a dizer
que "não passa de uma vira-lata", para soltá-la. PERA AÍ!!!!!!!!!!!
Filhos de empregadas são vira-latas??????????? Mulheres que ganham a vida
facilitando a vida dos patrões, fazendo o serviço de limpeza, arrumação,
mantendo a ordem, trabalhando de forma digna são piores que uma família rica?
Quais são os valores que isso nos passa?
Mesmo
que a justificativa para tal atitude seja o mal que a "bem nascida"
já fez para a família de Griselda, chamar os filhos para assistirem e rirem da
cena não me parece nada educativo. Nessa novela, essas personagens resolvem
seus problemas no olho-por-olho-dente-por-dente. Se uma estraga a festa da
outra chamando a polícia, essa tem a louça quebrada na frente dos convidados; se
uma insulta, a outra agride fisicamente; a "Pitonisa de Tebas" atenta
contra a vida dos filhos do Pereirão, e essa atenta ao bem mais preciso da
vizinha, a vaidade.
Tudo
bem que a Tereza Cristina seja má, já matou, manda matar e que a Griselda não
age de maneira tão baixa, que ela quer defender sua família. Chame a polícia,
deixe a justiça faz seu trabalho (eu sei que no Brasil isso pode não acontecer
de fato). Novela é novela, OK! Mas esses programas são formadores de opinião.
Sabemos que nem sempre morremos de amores por nossos vizinhos, mas não é com
agressões que a convivência melhora. E ser filha biológica ou adotiva tanto faz.
O adotivo é tão legítimo quanto o outro. E ser filha dos patrões ou dos
empregados, não faz dos últimos menos que os primeiros.
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